O site do LAPES está de cara nova (com o mesmo endereço: www.lapesbr.net ) e contando mais ainda com a contribuição dos pesquisadores e estudantes associados ao Laboratório. Nossa proposta é ser um espaço de discussão sobre a pesquisa em ensino superior, seus avanços, suas dificuldades.
Todos os participantes do Laboratório são convidados a colaborar, enviando pequenos textos que mostrem seu próprio trabalho, que questionem e discutam os trabalhos dos colegas. Com isso, teríamos o revezamento de 40 pessoas, o que não sobrecarregaria ninguém, nem as pesquisas ficariam comprometidas. Pelo contrário, teriam aqui um espaço para avançar e trabalhar, contando com os argumentos, sugestões e críticas dos pares. Fórmula clássica para produzir boa ciência.
O ideal é que tenhamos uma publicação por semana e, é NESSE CONTEXTO, QUE AS CONTRIBUIÇÕES DE VOCÊS TORNAM-SE VALIOSAS! Nosso trabalho será mais o de organizar esses textos. Colegas que coordenam projetos mais amplos, estudantes em estágios fora da instituição de origem ou fora do país, estudantes produzindo teses e dissertações SÃO TODOS BEM -VINDOS! O objetivo do projeto é estimular a troca de “saberes” e provocar novas formas de produzir conhecimentos na área.
Para inaugurar este espaço trazemos a discussão sobre o modelo brasileiro de universidade e suas contribuições para superação de um clima bastante conflitivo que toma conta de diversos espaços sociais, virtuais ou não. Colocado em pauta pelo excelente e muito oportuno artigo publicado pelo nosso colega Carlos Benedito Martins (Universidade de Brasília), no jornal Folha de São Paulo, o modelo de universidade brasileiro apareceria como um espaço onde o debate democrático, argumentativo e crítico, permitiria pensar e construir caminhos e alternativas para nosso país. Alegando, de forma correta, que o distanciamento do modelo humboldtiano permitiu que a universidade fosse capturada pelos mais diversos interesses sociais, econômicos e políticos, Martins indica que esse modelo perdido não pautaria sua conduta em termos normativos. Sendo assim, ofereceria “um ambiente plural no qual circulam diferentes ideias e visões de mundo... (confrontadas) em discussões de argumentos racionais.”
Obviamente, Martins fala de um modelo ideal no qual essa pluralidade e racionalidade dos discursos são um traço essencial, dominante. No entanto, mesmo sendo a base estruturante de um modelo humboldtiano de universidade, não correspondem necessariamente ao funcionamento cotidiano de cada instituição. E, com certeza, é um ideal com o qual, acredito, todos estamos de acordo.
O problema é que o funcionamento efetivo desse modelo, ao menos no caso brasileiro, veio associado a formas perversas de reprodução de uma elite patrimonialista e antiquada, que reforça seus poderes e sua posição social legitimando-se nessas universidades. Nosso sistema de ensino superior elege – e define legalmente – o modelo humboldtiano como sendo a única forma válida, valorizada, correta, de oferecer educação terciária. Com isso, mesmo sem atingir os níveis de qualidade e produção científica associados às universidades tradicionais, nós não conseguimos fortalecer a formação no ensino superior mais vocacional. Menos ainda conseguimos efetivamente democratizar o ensino superior, apesar da diversificação e expansão do acesso.
O desafio ao modelo humboldtiano, na sua formulação brasileira, seria tornar-se mais inclusivo. Talvez assim conseguisse chegar no ponto ideal proposto por Carlos Benedito Martins, de ser um espaço de pensamento crítico e argumentação racional.
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