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O novo presente do ensino superior

Atualizado: 29 de mai. de 2020


O choque produzido pelo isolamento imposto pela COVID -19 leva a constatação de que uma mudança é imperativa em todos os setores da sociedade. Nessa nova realidade pensar o Ensino Superior e a URGENTE necessidade de reinvenção é o grande desafio.


Numa perspectiva crítica e construtiva, no Debate “As Respostas das Universidades à Crise produzida pelo COVID-19: Modelos de Governança e Mudança Institucional” os pesquisadores Elizabeth Balbachevsky, da USP e Pedro Teixeira, da Universidade do Porto indicam os desafios relevantes, gerados ou potencializados pela crise sanitária, e as saídas que governos (responsáveis!) e instituições estão buscando


Segundo a Professora Balbachevsky haveria uma tensão entre novos papéis sociais que vem sendo exigidos das universidades e o peso dos modelos institucionais tradicionais. Essa tensão obriga a rever desde os tipos de formação (áreas, modelos docentes) até a natureza do contrato social, que estabelece funções para o ensino superior.


Por outro lado, o Professor Pedro Teixeira pergunta se o resultado dessas novas e intensas demandas para o conhecimento científico e a universidade pode ser mesmo a maior valorização do ensino superior.


O desafio mais amplo diz respeito às funções do ensino superior. Visto como alavanca de desenvolvimento econômico e bem estar social, como base de rendimentos e fundamento de prestígio, pode também ser entendido como um espaço de socialização com dimensões civilizatórias e difusão de valores modernos. A pesquisa científica e a formação de pessoas altamente qualificadas garantiriam o apoio da sociedade para essa instituição especial que é a universidade. Diante da pandemia e da profunda crise econômica esse apoio se mantém?


Em várias dimensões há dificuldades: o ritmo da produção de remédios e vacinas contra a COVID-19 pode ser mais lento que nossas esperanças, abalando a confiança na ciência. A formação qualificada tradicional pode perder espaços no mercado de trabalho transformado, reduzindo o brilho e a atração dos diplomas superiores.


O modelo de formação, a delimitação de áreas de conhecimento e definição dos cursos, os métodos didáticos e a duração e o formato das aulas, bem como o número de alunos numa turma ou grupo de estudos, ainda podem ser considerados bastante tradicionais no Brasil. A própria definição do que seja ensinar, como lembraram os dois pesquisadores, precisa ser repensada nesses novos tempos. E, é bom dizer, sobre ensino à distância, há experiências de todo tipo, mas, principalmente, ou quase que exclusivamente, no setor privado de ensino superior. Todos nós seremos obrigados a repensar a nossa relação com o ensino à distância. Isso significa também repensar nossa relação com o tempo do trabalho docente e a pesquisa. Como indicou o professor Antonio Augusto Prates, em post anterior, a expansão do tempo na atividade docente – que talvez venha a ser demandada com as novas formas didáticas – não deveria significar uma redução das atividades de pesquisa. Oficinas de trabalho com pequenos grupos de alunos em torno de algum tema específico podem ser uma forma rica de aumentar a qualidade do aprendizado e preparar pesquisadores.


Enfim, são questões importantes e que transformam a forma como encaramos nosso trabalho na universidade, o sentido da formação que oferecemos. Há questões urgentes, que demandam respostas imediatas. Entretanto, os efeitos no longo prazo têm que ser analisados profundamente. Possivelmente, virão transformações profundas sobre a estrutura e o funcionamento do sistema de ensino. E a expectativa, ou melhor, torcida, é que a reflexão sobre isso abra caminhos para um ensino superior de melhor qualidade e mais democrático.


Assista ao debate “As Respostas das Universidades à Crise produzida pelo COVID-19: Modelos de Governança e Mudança Institucional” realizado no dia 19 de maio, com Elizabeth Balbachevsky, Professora, Departamento de Ciência Política, USP e Comentários: Pedro Teixeira, Professor Associado, Departamento de Economia e Diretor do CIPES (Centro de Estudos em Ensino Superior) da Universidade. do Porto, e Presidente do Consortium of Higher Education Researchers da Europa. https://www.youtube.com/watch?v=c6CJMPSqOVE


Confira os debates sobre o tema que estão sendo organizados pelo Programa de Pós- graduação de Sociologia e Antropologia do IFCS/UFRJ


Para participar dos debates, o LAPES organiza, junto com o PPGSA/IFCS/UFRJ, um dos Encontros de Sociologia e Antropologia debatendo EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA, QUALIDADE E DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR. Teremos como convidadas Helena Sampaio (da Unicamp), Carolina Zuccarelli (da UFF) e Adriane Gouveia (do PPGSA/UFRJ). Será transmitido dia 08 de junho, às 14 horas.



Para o dia 1 de junho, às duas horas da tarde, o PPGSA , organizou uma edição especial do Encontros de Sociologia & Antropologia, onde os docentes Fernando Rabossi, Letícia Ferreira e Felícia Picanço (PPGSA/UFRJ) debaterão o tema "Impactos da Pandemia na Pesquisa em Ciências Sociais. Não Perca! O link para participar é: https://meet.google.com/ejf-oeyv-xse



#ensinosuperior,#educação,#universidade,#futurouniversidade,#covideducação,



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1 Comment


Hustana Vargas
Hustana Vargas
Sep 04, 2020

Discussão premente e da mais alta relevância. Riscos e oportunidades em jogo... Agradeço pelas reflexões e indicações.

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