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Vantagens econômicas para pessoas com ensino superior

por Maria Lígia O. Barbosa



O Boletim sobre os indicadores da educação 62 da OECD expõe as vantagens, nos retornos econômicos, recebidas por trabalhadores com formação de nível superior. São comparados os países da OECD (mais parceiros) e também os grupos de idade: jovens adultos (25-34 anos) e adultos mais velhos (55-64 anos). [https://www.oecd-ilibrary.org/education/how-does-the-earnings-advantage-of-tertiary-educated-workers-evolve-across-generations_3093362c-en]. Também se mostra a evolução desses ganhos ao longo do tempo.

André Vieira analisou os dados do Relatório no texto: " THE MOST UNEQUAL AMONG UNEGUAL"


O Brasil é o país com menor proporção de adultos com ensino superior (em torno de 15%) e o maior retorno para os formados no ensino superior quando comparados com pessoas que completaram apenas o ensino médio: 140% a mais para quem tem ensino superior! Comparando os retornos dos profissionais mais velhos com os daqueles mais jovens, o ganho é bem maior para os primeiros: provavelmente porque acumulam, além do diploma do ensino superior, maior experiência de trabalho.

A evolução dessa vantagem econômica das pessoas que têm formação superior, no entanto, diminuiu no Brasil entre 2005 e 2015: 18% para os mais jovens, apesar de ter havido um ligeiro aumento para os mais velhos. A explicação da OECD, baseada principalmente em critérios econômicos, indica as alterações no equilíbrio entre oferta (maior número de formados) e demanda(as mudanças tecnológicas, por exemplo, que favoreceriam trabalhadores mais qualificados) de mão-de-obra e indica outro fator que mereceria discussão mais acurada: o rebaixamento dos critérios de admissão ao ensino superior e da subsequente queda na qualidade do pessoal com esse nível de qualificação. A análise se baseia especialmente num artigo, bastante refinado no tratamento dos dados [http://repec.tulane.edu/ RePEc/pdf/tul1525.pdf}. Mas, talvez, um artigo que toma apenas dados sobre o número de matriculados para inferir a queda na qualidade do ensino superior. No blog da própria OECD há uma excelente discussão sobre o valor da educação superior, indicando que mais que competências técnicas, a universidade precisa oferecer a oportunidade de aprender a abraçar esse mundo novo que está aí [http://oecdeducationtoday.blogspot.com/2018/07/earnings-advantage-higher-education-comparison.html]. Nesse texto, a autora mostra como, diante do aumento das pessoas mais qualificadas, os jovens se deparam com dificuldades cada vez maior em demonstrar a especificidade e a qualidade da sua formação e, assim, obter melhores empregos. Ela menciona inclusive um fato já conhecido no Brasil, de jovens universitários aceitando empregos bastante aquém de sua qualificação adquirida.

Até acredito que sistemas que se expandem têm dificuldades em manter os padrões de qualidade. Mas gostaria de mais argumentos substantivos – como esse apresentado acima – que me convencessem disso. Por exemplo, a demonstração da queda dos níveis de aprendizado demonstrada ao longo dos anos nos testes do ENADE. Fica o desafio para quem quiser topar.

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